Pare. Olhe. Escute.



Ao pensar um pouco sobre ideias incompletas, me sinto na obrigação de escrever um novo poste que fale um pouco mais sobre mim. E bem diferente dos textos que costumo escrever, estes últimos não possuem uma introdução, um corpo de texto no qual desenvolvo a ideia para no fim trazer algum desfecho que traga uma revelação ou uma identificação do texto. São textos mais livres, assim como é a alma, cheia de meios e recomeços, raramente satisfeita com algo que possa ser chamado de fim. Alma inquieta que deseja dar o próximo passo, que deseja avançar num caminho mesmo sabendo que está a depender do tempo, da oportunidade certa.

Em certos momentos, estamos tão envolvidos com as emoções que borbulham dentro de nosso peito. E também olhamos para as situações ao nosso redor. Sentimos que nossa razão está exigindo de nós uma atitude, pois se não a tomarmos logo, outra pessoa tomará em nosso lugar e talvez o que tanto buscamos acabará na mão de outro alguém. Poxa, este pensamento é desesperador! Agir ou não agir? São tantas vozes em nosso consciente que nos sentimos perdidos, qual delas ouvir?

Mas ainda há uma voz, muito mais sutil e que sempre está a nos dizer de forma serena que atitude devemos seguir, seja de esperar, avançar ou até mesmo recuar. A questão é que nem sempre estamos atentos a ouvi-la. É como se estivéssemos em um show de rock, no qual as nossas emoções são a banda a tocar no último volume, as pessoas ao nosso redor gritassem freneticamente e nossa doce e gentil companhia estivesse procurando falar ao nosso ouvido palavras de amor e orientação. Como escutá-la no meio de tamanha pressão??? 

Uma coisa eu aprendi no meu tempo devocional: é necessário parar! Pare! Nosso instinto é de mover-se, sentir que estamos saindo do lugar, ver algo acontecer! Mas não é possível dar plena atenção a algo ou alguém enquanto estamos sendo embalados pela vibração do momento, não é verdade? Então pare! Não queira se mover quando você não sabe para onde dar um passo. E quando você parar, comece a olhar ao seu redor, procure ver se você está na melhor posição para ouvir. Mesmo parado, isso não quer dizer que estamos prontos para ouvir. Às vezes nossos olhos estão voltados para o lugar errado, para a pessoa errada. Nossos ouvidos ainda estão voltados para o som frenético das emoções. É preciso fazer o que instintivamente fazemos em situações como estas: baixamos nossas cabeças, evitamos olhar ao redor e nos concentramos em escutar o que nossa companhia está falando.

Três passos simples: parar, olhar e escutar. E embora eu ame fazer isso, nem sempre estou dedicando a disciplina necessária para desenvolver esta prática. Um dos lugares em que mais gosto de estar e ter meu tempo a sós (com Deus) é na praia, olhando para o mar. Lembrando-me que existe alguém muito maior que o meu ego, que é maior que minhas angústias, que tem todo tempo do mundo. Mesmo enquanto eu me inquietava com minha pressa, com a sensação que o meu tempo está passando e as oportunidades se esvaindo. Mas quando não posso ir ao meu lugar favorito, a quietude de um quarto já é um ótimo lugar. 

Mas o show tem que ficar de fora desde momento. Tem que ser um momento de entrega, de abrir mão. Um querido amigo meu, Angus Hunter, me ensinou que a real entrega é quando você abre as mãos com as palmas voltadas para baixo. Depois, que você entrega, não há mais como fechar a mão e segurar novamente. E isso é muito forte, vai contra o nosso instinto de controle. É claro, que quanto mais conhecemos o que e quem nós somos, percebemos que o nosso controle da vida é ilusório, é somente um placebo que tomamos para nos sentirmos senhores de alguma coisa. Um alimento para o nosso ego.

O problema é que quanto mais tomamos desse "remédio", mas longe ficamos deste três passos simples, que podem trazer paz para o nosso dia a dia. Preferimos a doce ilusão de controle, do que simplesmente reconhecermos que não podemos seguir, que não temos o controle. Portanto, pare, olhe e escute. 

2 comentários:

  1. Por que você não escreveu mais aqui no blog? Tuas postagens são muito interessantes. Acredite! Retratam mesmo o cenário no qual muitas pessoas estão inseridas. Continue a escrever sempre que puder.

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